Falta de profissionais fragiliza a capacidade de
atendimento, impede a abertura de leitos e ainda castiga o atual quadro de
servidores
Em colapso, sem atender muitas crianças, o Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB) sofre com a falta de 361 profissionais de saúde. Segundo pesquisa feita na terça-feira (26/3), no Sistema Único de Gestão de Recursos Humanos (Sigrh), da Secretaria de Saúde, o HMIB amarga o déficit de 12 médicos pediatras, 272 técnicos de enfermagem e 77 enfermeiros. Atualmente, a unidade tem 65 pediatras, 561 técnicos de enfermagem e 201 enfermeiros.
O estudo foi produzido pelo
gabinete da deputada distrital Dayse Amarílio (PSB), vice-presidente da
Comissão de Educação, Saúde e Cultura ( CESC). Na manhã de terça-feira, junto
com o Sindicato dos Enfermeiros (SindEnfermeiros), a parlamentar fiscalizou e
constatou a situação caótica do HMIB.
Além dos reflexos da epidemia de
dengue, a unidade sofre a pressão do aumento sazonal das doenças respiratórias.
“Esse déficit de profissionais se reflete na assistência. Existe um concurso
com aprovados para nomeações e estamos trabalhando com servidores na ponta com
alto grau de afastamento de trabalho”, alertou Amarílio.
Sem profissionais suficientes, os
atuais servidores enfrentam dificuldade até mesmo para tirar licenças médicas.
E quando conseguem precisam ficar longos períodos longe da rede. No caso do HMIB,
a recomposição do quadro poderia levar a abertura de pelo menos 10 leitos de
unidade de terapia intensiva (UTI) parados.
Calvário
Sem atendimento, famílias enfrentam um verdadeiro calvário. O Metrópoles mostrou
que pais, mães e
crianças esperam até 24 horas por tratamento no hospital. Muitas desistem do atendimento. E o problema persiste. A
reportagem recebeu denúncias de falha do atendimento até está terça-feira.
“Tem gente aqui desde as 2 horas
da manhã. Meu filho está com 39Cº de febre. É um descaso. Dizem que não tem
leito”, denunciou uma mãe, na noite de segunda-feira (25/3). Segundo as
famílias, funcionários disseram que a unidade atenderia apenas pacientes com
classificação vermelha.
No entanto, entre a noite e segunda e a madrugada de terça,
houve um período sem pacientes com classificação vermelha à espera de
tratamento. Mas os demais continuaram sem atendimento. A situação revoltou as
famílias, com crianças doentes no colo.
Outro lado
O Metrópoles entrou
em contato com a Secretaria de Saúde sobre a situação no HMIB. A pasta não
questionou o déficit de profissionais no hospital apresentado pela pesquisa. No
entanto, por nota, argumentou que trabalha para recompor o quadro de
profissionais da saúde na rede como um todo.
“A pasta esclarece que o HMIB está com alta demanda. Ressaltamos que, devido o início da sazonalidade das doenças respiratórias da pediatria, além dos casos de dengue, aumentou a busca por atendimento pediátrico”, completou.
Leia a nota completa:
“A Secretaria de Saúde informa que trabalha
para ampliar o quadro de profissionais da rede. A pasta destaca que entre as
ações desenvolvidas estão a nomeação de novos servidores em concursos públicos
e contratações temporárias para suprir a necessidade de diversas áreas
assistenciais. Em 2023, foram chamados 747 médicos de diversas especialidades,
241 enfermeiros, 132 cirurgiões dentistas e 565 especialistas em saúde,
totalizando 1.685 nomeações. Já em 2024, foram realizados 700 novos chamamentos,
sendo 90 médicos, 156 enfermeiros, 181 técnicos de enfermagem e 273 agentes de
vigilância ambiental e atenção comunitária à saúde.
A pasta esclarece que o HMIB está com alta demanda. Ressaltamos que, devido o início da sazonalidade das doenças respiratórias da pediatria, além dos casos de dengue, aumentou a busca por atendimento pediátrico. O HMIB não tem medido esforços para oferecer o melhor acolhimento e assistência aos pacientes e tem mantido pacientes/acompanhantes informados acerca da situação dos atendimentos. A pasta esclarece também que a UBS é a porta de entrada para o atendimento na rede pública de saúde. As equipes de saúde da família fazem o acompanhamento em todos os ciclos de vida. Havendo necessidade de atendimento especializado, a equipe fará o encaminhamento e a UBS a inserção da solicitação no sistema de regulação”. (*Fonte: Clipping Metropoles)