Entre 2022 e 2023, crimes
usando Inteligência Artificial disparam no Distrito Federal e crescem 900%.
Ocorrências de estelionatos lideram
O uso da Inteligência Artificial (IA)
em crimes no Distrito Federal já é realidade, e os registros
aumentaram significativamente no ano passado. Entre 2022 e 2023, ocorrências
registradas na Polícia Civil aumentaram 900%.
Em 78
dias de 2024, já há o dobro de crimes de todo o ano de 2022.
O Metrópoles levantou crimes envolvendo a “produção não autorizada de fotos ou vídeos por meio de Inteligência Artificial com deepfake”, que é uma tecnologia que manipula rostos de pessoas em vídeos, sincronizando movimentos labiais e expressões. Enquanto os anos de 2021 e 2022 registraram apenas dois casos, cada, em 2023 foram 20 ocorrências diversas, número dez vezes maior.
Os registros muitas vezes têm mais de uma
natureza criminal.
Ou seja, eles podem envolver ao mesmo tempo,
por exemplo, extorsão e estelionato. Esse último é o mais comum.
De todos os 20 crimes cometidos usando IA em
2023, 17 envolviam estelionato, que é quando alguém tenta obter vantagem
ilícita em um prejuízo alheio, “induzindo ou mantendo alguém em erro”, como diz
a lei.
Já em 12 casos no ano passado houve a
tipificação de “crimes diversos”. Também chama atenção que as ferramentas de
deepfake já são usadas para pornografia, embora em número menor. Houve um caso
registrado no Distrito Federal deste tipo, em 2021. Neste ano, até 19 de março,
foram 4 ocorrências, de todas as tipificações, envolvendo IA.
Casos em Brasília e
pelo mundo
No
começo do ano, um caso envolvendo deep fake na China foi noticiado
mundialmente. O funcionário de uma empresa multinacional em Hong Kong perdeu
US$ 26 milhões, cerca de R$ 129 milhões, depois de ser enganado por golpistas
que usavam Inteligência Artificial.
Os criminosos simularam uma videochamada com a
vítima usando deepfake, se passando por chefes da empresa.
Enganado, o funcionário realizou 15
transferências para cinco contas bancárias de Hong Kong, somando o valor
milionário.
No Brasil, já há registros do famoso “golpe do Pix” usando esse recurso. Os criminosos entram em contato com vítimas se passando por outra pessoa e pedindo dinheiro para pagar alguma conta. Para dar notoriedade ao crime, eles fazem ligação de vídeo, com uso de IA, para simular o rosto de alguém próximo à vítima.
Outro
caso recorrente envolve famosos. Pedro Bial e Drauzio Varella já
denunciaram empresas que fazem propagandas de “produtos
milagrosos” usando o rosto deles. Nos vídeos, celebridades e pessoas de
notoriedade, como eles, aparecem “vendendo” remédios, mas as imagens foram
manipuladas com o rosto deles, que nunca gravaram aquelas publicidades.
Em Brasília, a Polícia Civil já deflagrou uma operação
chamada “Deepfake”, em dezembro de 2022 para combater um grupo
criminoso que acessou ilegalmente, pela internet, contas bancárias de vítimas
residentes em diversas unidades da Federação.
Segundo
as investigações da Coordenação de Repressão aos Crimes Contra o Consumidor, a
Ordem Tributária e Fraudes (CORF), desde de abril de 2022, a quadrilha
especializada na prática de crimes patrimoniais cometidos on-line enviou links
com programas maliciosos para capturar dados sensíveis de correntistas e
viabilizar a realização de transações bancárias indevidas. O envio dos links
foi por mensagem de texto.
Com
a utilização de tecnologia de IA, os investigados alteraram cadastros de
diversos clientes de instituições bancárias e realizaram transações
fraudulentas que, somadas, alcançaram a quantia de R$ 338 mil.(*Clipping:Metropole)