No caso de leucemias, taxa de sobrevida é de 85,7%;
instituição é referência no tratamento de câncer infantil no Brasil
Estar de volta ao Hospital
da Criança de Brasília (HCB), agora como visitante, gerou um turbilhão de
sentimentos na professora Géssika Dourado, 33 anos.
Depois de longos cinco anos de tratamento, a
sensação é de gratidão por, enfim, poder dizer que sua filha Débora, hoje com
11 anos, está curada de um câncer no rim, conhecido como tumores de Wilms.
Por ano, o HCB acolhe, em média, cerca de 40 pacientes com
leucemia e 12 com tumores de Wilms.
O hospital conta com 200 leitos para todas as
especialidades. Destes, 56 são de UTI. Na rede pública de saúde do Distrito
Federal, todos os pacientes de câncer infantil são tratados pela instituição.
Géssika Dourado e a filha, Débora, curada de um câncer no rim, conhecido como tumores de Wilms
Graças à alta expertise do
corpo técnico aliada aos equipamentos de ponta, o HCB registrou uma alta na
sobrevida das crianças diagnosticadas com tumores de Wilms.
Dados de 2018 a 2023
apontam que 90% das crianças com tumores de Wilms acolhidas pelo Hospital da
Criança não tiveram recaídas em cinco anos após o fim do tratamento da doença.
A pequena Débora faz parte desta estatística. “Hoje eu posso
dizer que minha filha está curada”, falou a mãe, emocionada. A jovem contraiu a
doença ainda na barriga da mãe, em 2012, fato este que era, até então,
desconhecido pela medicina. “No pré-natal viram que tinha algo no rim, mas
somente depois de dois meses de nascida que diagnosticaram com Wilms, estágio
3, ou seja, muito agressivo para a idade dela”, relatou Géssika.
A partir daí, começou a corrida contra o tempo. Idas semanais
aos hospitais de Base e da Criança, internações, quimioterapia, cirurgias e uma
infecção por KPC (superbactéria) no meio do caminho. O otimismo e a fé foram
cruciais para que os pais de primeira viagem confiassem no tratamento realizado
pela instituição, que hoje é considerada referência no país.
O HCB foi
criado em 2011, a partir de uma parceria entre o Governo do Distrito Federal
(GDF) e a Associação Brasileira de Assistência às Famílias de Crianças
Portadoras de Câncer e Hemopatias (Abrace). Destinada a atender exclusivamente
pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a instituição é gerida pelo Instituto do
Câncer Infantil e Pediatria Especializada (Icipe)
“O Wilms é o único tumor que o tratamento se inicia antes mesmo
da biópsia. O diagnóstico é feito pelo exame de imagem. A criança precisa
passar por uma cirurgia, onde a peça é retirada para se examinar e, então,
traçar um novo tratamento”, afirmou a médica oncologista e hematologista
pediátrica, diretora técnica do HCB, Isis Magalhães.
Hoje curada, Débora está há mais de cinco anos sem a necessidade
de tratamento. As idas aos HCB ainda são apenas para acompanhamento, a cada
dois anos. “O atendimento no hospital foi de extrema importância porque nós nem
imaginávamos que um bebê já poderia nascer com câncer”, pontuou Géssika.
Questionada sobre qual a sensação de estar de volta ao Hospital
da Criança, Géssika disse, emocionada: “Sinto muita gratidão porque vi crianças
morrendo naquela época. Eu até achei que ela fosse, porque aconteceram muitas
coisas durante o tratamento”, completou. “Sempre que venho aqui no hospital é
um mix de emoções. Lembro do que passei, vejo tantas mães na mesma situação e
saio alegre por termos superado tudo isso”.
Alimentação saudável e ingestão de muito líquido são algumas recomendações que a pequena Débora vai precisar carregar para o resto da vida, mas nada disso se compara com as dificuldades enfrentadas durante o tratamento. “Eu não me lembro de nada do que aconteceu. Mas eu tento imaginar o que a minha mãe sofreu comigo. Eu a vejo desesperada, triste e ansiosa. Como não tenho um rim, eu preciso beber bastante água e comer bem, mas sempre ganho da minha mãe uma recompensa por isso”, falou a garotinha.
Referência
A história da Débora é mais uma da qual o Hospital da Criança de
Brasília muito se orgulha.
A instituição é referência
não só no tratamento da leucemia mieloide aguda (LMA), forma mais agressiva e
rara de câncer infantil, como também da leucemia linfoide aguda (LLA),
neoplasia maligna mais comum na infância. Neste tipo de câncer, o HCB registrou
uma taxa de 85,7% de sobrevida entre os pacientes.
O HCB foi criado em 2011, a partir de uma parceria entre o
Governo do Distrito Federal (GDF) e a Associação Brasileira de Assistência às
Famílias de Crianças Portadoras de Câncer e Hemopatias (Abrace).
Destinada a atender exclusivamente pelo
Sistema Único de Saúde (SUS), a instituição é gerida pelo Instituto do Câncer
Infantil e Pediatria Especializada (Icipe).
“Temos uma equipe de oncologistas e hematologistas, além de
psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas, dentistas, nutricionistas,
psiquiatras e terapeutas ocupacionais. Cada um tem uma expertise maior em
determinado tumor, por isso a importância de uma equipe multidisciplinar”,
defendeu Isis Magalhães.