No Dia Nacional de Luta Contra Queimaduras, lembrado nesta
quinta-feira (6), especialista alertou para cuidados domésticos
Um fim de tarde
mudaria a vida de Ricardo Amorim da Silva, 37. Em 2022, o produtor rural
realizava mais um passeio de paramotor, até sofrer um acidente. Devido a uma
peça com defeito de fábrica, trocada na revisão, o escapamento encostou no
tanque de gasolina e entrou em chamas.
O corpo do morador de Formosa (GO) ficou 50% queimado.
Foram 19
cirurgias e diversos “banhos” – procedimento feito com a pessoa sedada quando
se limpam as feridas.
O primeiro atendimento e a recuperação, que
incluiu muitas sessões de fisioterapia, foram realizados no Hospital Regional
de Asa Norte (HRAN). “Quando aconteceu, fui logo medicado e, na mesma noite,
fiz a primeira cirurgia. Tenho certeza de que a assistência rápida e de
referência foi crucial para a minha sobrevivência”, declara.
De acordo
com dados da Unidade de Queimados do HRAN, em 2024, já foram realizados 1.041
atendimentos no pronto-socorro; 2.026 no ambulatório e 202 cirurgias. No ano
passado, foram quase 3 mil na emergência e 8,7 mil no ambulatório – os maiores
números em seis anos.
Ainda em
2023, 557 cirurgias ocorreram no hospital relacionadas a queimaduras graves.
Na
avaliação do chefe da unidade, Ricardo de Lauro, os números devem ser superados
este ano.
O local se destaca pela busca de tratamento
completo, com equipe multidisciplinar, equipamentos de anestesia, sala de
cirurgia própria, sala de curativos, espaço de fisioterapia e Farmácia Clínica.
“Queimadura
é um problema de saúde pública grave e expressivo. E é extremamente comum em
uma população mais vulnerável, como idosos, crianças e pessoas em uma situação
socioeconômica desfavorável”
Ricardo de Lauro, Unidade de
Queimados do HRAN
“O HRAN oferece
atendimento tanto ao queimado agudo como à pessoa que sofre pelas sequelas. É
um tratamento integral, observando as muitas necessidades do paciente, desde a
parte clínica, de fisioterapia e de nutrição, até o suporte psicológico e de
assistência social”, explica o gestor.
Acidentes mais comuns
Segundo o
especialista, historicamente, as causas mais habituais de queimaduras ocorrem
pelo contato com líquidos quentes e chamas diretas. O local mais perigoso
costuma ser a cozinha.
De acordo
com o Ministério da Saúde, são mais de um milhão de casos por ano, muitos
resultando em óbitos. “Queimadura é um problema de saúde pública grave e
expressivo. E é extremamente comum em uma população mais vulnerável, como
idosos, crianças e pessoas em uma situação socioeconômica desfavorável”, avalia
de Lauro.
As causas mais comuns de queimaduras costumam ser contato com líquidos quentes e com chamas diretas. Festividades merecem atenção
No HRAN,
observa-se um aumento da quantidade de pacientes no auge da seca, entre agosto
e setembro. No entanto, as festividades – como festas juninas – em geral também
são motivo de atenção.
“Em datas comemorativas, há uma combinação
altamente inflamável: pessoas em locais limitados, com possível grau de
embriaguez, presença de alimentos e bebidas quentes e situações ambientais que
favorecem o surgimento de acidentes”, acrescenta o profissional.
Como evitar?
Nesta
quinta-feira (6), é celebrado o Dia Nacional de Luta contra Queimaduras.
Instituída pela Lei nº 12.026/2009, a data busca promover a ideia de que o
melhor caminho é a prevenção.
Entre os cuidados na
cozinha, por exemplo, estão: assistência e vigilância constantes das crianças;
lembrar de desligar fogão e forno, especialmente aqueles sem chamas; não
trabalhar na cozinha com roupas inadequadas ou despido; prender os cabelos
compridos ao cozinhar; não tentar apagar o fogo em panelas de fritura com água
fria; não fritar alimentos molhados em gordura quente etc.
O
que fazer?
Em casos de acidente, o primeiro passo é interromper o processo
de queimadura com água limpa em abundância ou abafando o local. Em seguida,
resfriar a região com água em temperatura ambiente ou fria por pelo menos 20
minutos – sem necessidade de ser gelada.
Por fim, procurar imediatamente o serviço de saúde, podendo ser
uma das 176 unidades básicas de saúde (UBS) ou o pronto-socorro dos hospitais
regionais. A equipe irá avaliar as feridas, medicar a dor, fazer os curativos
necessários e checar a vacinação antitetânica.