Safra orgânica de 2023 bateu recordes e alcançou um Valor Bruto de Produção acima de R$ 142 milhões, além de um aumento de 50% na demanda de alimentos orgânicos nas escolas pelo PNAE.

 

Indo além de uma escolha baseada em saúde, o consumo de alimentos orgânicos tem relação também com a proteção da biodiversidade e os impactos das mudanças climáticas.

 

 O Distrito Federal tem disparado na produção orgânica, levando alimentos mais saudáveis até as mesas mais vulneráveis por meio de programas sociais que fazem parcerias com os produtores rurais locais.

A cada ano a produção de alimentos orgânicos vindos da agricultura do Distrito Federal tem aumentado.

 Em 2023, a safra bateu o recorde e alcançou um Valor Bruto da Produção (VBP) de mais de R$ 142 milhões, sendo fonte de renda para vários produtores e movimentando a economia local com cada vez mais adeptos a esse estilo de alimentação saudável.


Produção de alimentos orgânicos tem crescimento em Brasília, com apoio técnico aos produtores rurais e políticas públicas que asseguram a compra para reforçar a alimentação de estudantes da rede pública

 

A fruticultura orgânica, por exemplo, movimentou mais de R$ 17 milhões em 2023.

 Um salto em comparação com 2022, que teve um VBP em torno de R$ 11 milhões, e um ainda maior se comparado a 2021, que teve uma produção de cerca de R$ 6 milhões.

Na floricultura orgânica também houve um aumento expressivo de produção.

 

 De 13.500 vasos produzidos em 2022 e um VPB em torno de R$ 172 mil, foi para 31.965 vasos produzidos em 2023, com um VPB de mais de R$ 253 mil.

Atualmente são 253 cadastros de agricultores orgânicos da Grande Brasília, às vezes com mais de uma pessoa nas unidades de produção.]

 Os dados são recolhidos pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF), responsável pelo contato das pessoas do campo com o governo.


“A gente sempre estimula o agricultor, se ele tiver a condição, a fazer uma conversão para a agricultura orgânica – não só por fatores econômicos, mas principalmente ambientais”, afirma o gerente de agroecologia e produção orgânica da Emater, Daniel Rodrigues.

Para o extensionista rural, o efeito pós-pandemia pode ter influenciado no aumento da procura por produtos orgânicos. “Depois da covid-19 as pessoas começaram a repensar o que é importante, incluindo a alimentação. Geralmente a pessoa que vai atrás de um produto orgânico tende a comer alimentos mais frescos e ter hábitos de vida mais saudáveis, então ela começa a considerar isso não como um gasto, mas como um investimento na saúde”

Mais saúde nas escolas

O gerente de agroecologia ressalta que na capital brasileira há políticas públicas que estimulam a produção orgânica, que tem um potencial maior para conseguir atender as demandas das escolas públicas. Um exemplo é o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), no qual foi ampliada em cerca de 50% a demanda de alimentos orgânicos.

“É muito gratificante ver um alimento orgânico chegando para uma criança que, muitas vezes, está em uma situação de vulnerabilidade social. É um papel do Estado proporcionar melhor ensino e melhor alimentação para todo mundo. E a escola pública tende a ser um local onde as famílias têm menor condição de estabelecer isso em casa”, explica Rodrigues.

O consultor do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Carlos Castro, é um dos produtores rurais que fornecem para diversos pontos do Distrito Federal, incluindo escolas. Ele trabalha com morangos agroecológicos há sete anos e destaca as vantagens desse tipo de produção.


“A importância de produzir aqui  é tornar tudo mais acessível”, afirma o consultor do Senar Carlos Castro

“Nós temos uma tradição de escutar na mídia que orgânico é tudo sem agrotóxico. Isso é um dos elementos, mas o principal é que a produção seja boa para o produtor, para o consumidor e para o meio ambiente, sem prejudicar e sem malefícios”, observa.

Carlos ressalta que todo o manejo dos morangos é feito de forma local e livre de agrotóxicos, incluindo o adubo feito na propriedade e o húmus agroecológico com minhocas. “A água que goteja o solo não contamina nada. Normalmente o morango produz por dois anos no máximo. Com a tecnologia de hoje, nós conseguimos produzir a mesma planta por até cinco anos, de janeiro a janeiro, com colheita até duas vezes por semana”.

A propriedade com as hortaliças fica em Sobradinho, na Associação Amide. As mudas que o produtor rural utiliza vieram da Espanha, e, das três estufas com 4,5 mil plantas, atualmente saem de 25 a 30 caixas por semana, em torno de 30 kg de morangos. A demanda é grande, e a produção já chegou a 50 caixas por semana, produtos que vão principalmente para escolas da rede pública de Brasília.

“A importância de produzir no Distrito Federal é tornar tudo mais acessível. Tem muita gente que procura e às vezes manda comprar de longe, mas nós temos bem aqui um produto livre de agrotóxico. Temos clientes que só comem esse tipo de morango”, acrescenta Carlos.