Especialista do HRSM explica os principais fatores de risco na
gestação e destaca o papel da assistência adequada para salvar vidas
Tawini
Pontes, 31 anos, está grávida de 35 semanas e internada pela quinta vez no
Hospital Regional de Santa Maria por conta de infecção urinária, diabetes e
pressão alta.
Essa
é a oitava gestação dela, que já teve três abortos.
No
ano passado, a paciente estava no interior do Nordeste e, devido a um pré-natal
sem o acompanhamento devido, acabou perdendo o bebê com 37 semanas de gestação.
Condições prévias, caso a gestante tenha diabetes ou
hipertensão, por exemplo, pedem consultas mais frequentes ao obstetra e, a
depender da doença, o acompanhamento também do especialista
A
gravidez de Tawini é de alto risco e ela recebe atendimento especializado no
hospital administrado pelo Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito
Federal (IgesDF). Hoje, a paciente faz parte de estatísticas mundialmente
positivas no acompanhamento médico das gestantes.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde
(OMS), entre 2000 e 2023, o acesso a cuidados pré-natais aumentou 21%. A
presença de profissionais qualificados no momento do parto cresceu 25%, e os
cuidados no pós-natal subiram 15%.
Esses
indicadores mostram que ações para redução da mortalidade materna são cada vez
mais frequentes em muitos países, incluindo o Brasil.
Nesta
quarta-feira (28) é celebrado o Dia Nacional da Redução da Mortalidade Materna.
A data foi criada para alertar a sociedade sobre a importância de debater o
tema e promover políticas públicas de assistência e acolhimento que garantam o
bem-estar da mãe e do bebê.
A
mortalidade materna é considerada aquela que ocorre durante a gravidez, o parto
ou até 42 dias após a mulher dar à luz.
Segundo
dados da OMS, cerca de 260 mil mulheres perdem a vida todos os anos em razão da
gravidez ou do parto.
Muitas
dessas mortes são preveníveis ou tratáveis com uma boa assistência médica
durante a gestação.
Atendimento de alto risco no HRSM
Com
um ambulatório voltado para a gestação de alto risco, o Hospital Regional de
Santa Maria (HRSM) é referência na região de Saúde Sul e Entorno do DF para o
cuidado na linha materno-infantil. A ginecologista e obstetra Rafaella Torres
atende as pacientes de alto risco e esclarece que um pré-natal bem feito
garante a saúde e a segurança da mãe, o bom desenvolvimento do bebê e um
encontro tranquilo dos dois durante o parto.
"Estou sendo acompanhada por uma equipe muito bem-preparada
e criteriosa nos detalhes. Apesar do medo, tenho mais confiança de que vai dar
tudo certo", diz Tawini Pontes, que realizou 18 consultas no
ambulatório de gestação de alto risco do HRSM
Segundo
a médica, um pré-natal de alto risco se refere ao acompanhamento que será feito
de uma gestante que tem uma doença pré-existente ou que surge durante a
gravidez. Isso sugere que essa seja uma gravidez de risco. Assim, há três
condições para um pré-natal de risco: as mulheres com doenças crônicas prévias
à gestação, aquelas que tiveram uma gestação anterior de alto risco e aquelas
que identificam, no curso da gravidez, uma condição ou doença que vai oferecer
risco para ela e a para o bebê.
“No
primeiro caso, se enquadram mulheres que sofrem de hipertensão arterial,
diabetes, lúpus, doenças psiquiátricas, obesidade grave, doenças neurológicas
ou cardíacas, ou infecções crônicas, como Hepatite e HIV”, informa.
As
pacientes com essas condições devem compartilhar com seu especialista o desejo
de engravidar, antes de interromper o método anticoncepcional.
Dessa
forma, o médico que a acompanha, como cardiologista, neurologista,
infectologista, reumatologista ou outro especialista, já deve alinhar com o
obstetra, as medicações e condutas que devem ser tomadas antes da concepção e
durante a gestação.
Para
o segundo grupo, Rafaella explica que é recomendado o acompanhamento de alto
risco quando houver uma gravidez anterior com histórico de hipertensão, diabete
gestacional, abortos de repetição e descolamento prévio da placenta, por
exemplo.
“Tudo
isso deve ser observado pelo obstetra para colocar essa futura mamãe sob um
olhar mais criterioso. E ainda, se no decorrer da gestação acontecer um quadro
de diabetes que não existia antes, ou a descoberta da pré-eclâmpsia, bem como
ter uma infecção viral ou bacteriana, o obstetra mudará o olhar para essa
grávida e ela se tornará uma gestante de alto risco”, afirma.
A
depender dessas três classificações – e outras que possam ser diagnosticadas
pelo médico no início ou no decorrer da gravidez – a avaliação pré-natal será
diferente de uma avaliação normal.
A
obstetra exemplifica com o caso de uma gestante diabética, que pode ter que
fazer mais consultas do que uma mulher sem essa condição. De acordo com a
especialista, um pré-natal normal tem uma consulta por mês, começando o mais
cedo possível, até a 32ª semana.
A partir daí e até a 36ª semana, uma consulta
a cada 15 dias e depois, até o parto, uma consulta semanal. São mais do que as
seis consultas mínimas preconizadas pelo SUS.
“Condições
prévias pedem consultas mais frequentes ao obstetra e, a depender da doença, o
acompanhamento também do especialista. Avaliações laboratoriais e de imagem
podem ser solicitadas em maior número para saber se o bebê está sofrendo com a
condição da mãe”, explica.
Pré-natal rigoroso
Tawini
Pontes faz o pré-natal desde o começo da gravidez no HRSM. Ao todo, a gestante
realizou 18 consultas no ambulatório de gestação de alto risco do hospital e se
sente menos apreensiva para a chegada da filha Maria Tereza.
“Segura
a gente nunca fica totalmente, porque tenho tido picos de pressão alta, e as
taxas da diabetes estão altas, mas estou sendo acompanhada por uma equipe muito
bem-preparada e criteriosa nos detalhes. Apesar do medo, tenho mais confiança
de que vai dar tudo certo e minha filha nascerá bem”, relata.
O
parto de Tawini está marcado para ser realizado até o dia 10 de junho, com no
máximo 37 semanas de gestação.
A
paciente fará a cirurgia de laqueadura, pois já tem três filhos com 14, 9 e 5
anos, respectivamente.
A
ginecologista e obstetra Rafaella Torres destaca que um pré-natal bem planejado
e criterioso proporciona mais segurança para a saúde da mãe e do bebê, além de
garantir maior tranquilidade para a equipe que atuará no momento do parto.
“Assim
que a gravidez for confirmada, a gestante deve procurar imediatamente
atendimento na Unidade Básica de Saúde (UBS) de referência. Caso seja
identificada uma gestação de alto risco, a paciente será encaminhada para
acompanhamento em uma unidade hospitalar de referência, como HRSM”, reforça a
médica.