No atual ciclo, foram ofertadas 2,5 mil vagas; programa oferece
formação na área da construção civil e uma bolsa a pessoas em situação de
vulnerabilidade
Aluno do atual ciclo do ‘RenovaDF’, André
Pereira, 40 anos, está com a esposa grávida de quatro meses. Enquanto aguarda a
chegada do novo filho, ele tem trabalhado na manutenção do Parque Ana Lídia, no
Parque da Cidade. “Outro dia, estava olhando ali o foguetinho e o pai correndo
com o menininho — ‘o meu é menino, viu?’ — e me deu uma felicidade tão
grande!”, relata, emocionado. Depois que o pequeno nascer, André garante que
também vai levá-lo ao local: “Vou trazer o bebê aqui, onde eu reformei. Eu
trabalhei aqui e quero compartilhar”.
Participantes do segundo ciclo do programa fazem manutenção no
parquinho; oportunidades são muitas
Assim como André, outros alunos do segundo
ciclo de 2025 do RenovaDF têm atuado no Ana Lídia. E não só lá.
Iniciativa da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Renda
(Sedet-DF) em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do
Distrito Federal (Senai-DF), o programa oferece um curso na área da construção
civil a pessoas em situação de vulnerabilidade.
Os estudantes, então, aplicam os
conhecimentos na reforma e manutenção de equipamentos públicos. Eles também
recebem uma bolsa para auxílio financeiro durante a formação. Para a atual
turma, foram abertas 2,5 mil vagas, e está prevista a manutenção de 73 espaços
- a maior parte deles, 69, em Ceilândia. Mas também há endereços no Guará, no
Plano Piloto e em Planaltina.
Qualificação
Ester Natacha, camaronesa que vive no Brasil há dois anos,
procurou o ‘RenovaDF’: “O curso será mais conhecimento na minha vida, de
áreas que antigamente eu não sabia”
“Nesta etapa, estamos com frentes de trabalho
em quatro regiões administrativas, onde nossos alunos estão recuperando mais de
70 equipamentos públicos, como praças, quadras e parquinhos”, ressalta o
secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Renda, Thales Mendes. “Cada
local reformado é um exemplo claro do impacto social que o programa gera. Os
alunos ganham qualificação, incentivo financeiro e perspectiva de emprego,
enquanto a população é beneficiada com espaços revitalizados para lazer, esporte
e convivência. É uma via de mão dupla onde todos ganham.”
De fato, é uma via de mão dupla. Mais do que
uma nova cara aos equipamentos públicos, o programa dá uma nova vida aos seus
participantes. É o caso da camaronesa Esther Natacha, 35, que vive no Brasil há
dois anos e viu no ‘RenovaDF’ uma oportunidade de ampliar seus conhecimentos.
“Cheguei aqui para descobrir outro país, para procurar diversidade”, conta. “[O
curso] será mais conhecimento na minha vida, de áreas que antigamente eu não
sabia”.
Novas chances
Miriam Lacerda se recupera de um período tumultuado:
“Quero sair daqui profissional, pegar meu diploma e conquistar uma
oportunidade, nem que seja como menor aprendiz”
A experiência também é um novo horizonte para
Miriam Lacerda, 43, que busca recomeçar a vida após ter vencido o vício em
drogas. “É uma oportunidade mesmo, estou agarrando com força de vontade”, diz.
“Cada coisa que eu leio, que o professor fala, eu fico observando para pegar e
dar o melhor de mim. Eu quero seguir em frente. Eu projeto entrar em uma
empresa, ter uma profissão, que eu nunca tive. Quero sair daqui profissional,
pegar meu diploma e conquistar uma oportunidade, nem que seja como menor aprendiz”,
completa, brincando.
Antônio José da Silva, 65, é outro que viu no
programa uma luz. “No momento, eu não estava trabalhando, estava parado; e,
além de fazer o curso, a gente ainda recebe a bolsa, que ajuda bastante”,
enfatiza. “Eu já trabalhei em diversas coisas, na construção civil, na área de
fundação de edificação e de empreiteiro também. Só que, aqui, a gente está se
qualificando em outras áreas. É muito importante. Eu não entendia nada de
pintura e já estou aprendendo, é excelente”.
André Pereira, que vai ser pai daqui a quatro meses, atua no
programa: “Você pode aprender vários tipos de profissão em um curso só. A gente
sai daqui com outra visão para poder trabalhar”
André, que abre esta reportagem, também é um
exemplo. Além de levar o filho para brincar no parque que ajudou a reformar,
ele quer ampliar as possibilidades no mercado de trabalho: “Você pode aprender
vários tipos de profissão em um curso só: pintor, pedreiro, revitalizar um
campo de futebol... Eu já tinha mexido com construção civil, trabalhando de
ajudante, mas eu queria pegar um pouco mais da prática. A gente sai daqui com
outra visão para poder trabalhar”. Sobre como espera que seja sua vida após o programa,
ele resume: “Renovada”.