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VACINA PARA GESTANTES: Ministério da Saúde prometeu imunizante, mas ainda não distribuiu em Brasília

Publicada em: 17/07/2025 09:43 - SAÚDE PÚBLICA

Apesar de o Ministério da Saúde já ter anunciado a incorporação da vacina contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), destinada a gestantes, ao calendário do Programa Nacional de Imunizações (PNI), a Secretaria de Saúde informou que ainda aguarda orientações técnicas oficiais para dar início à campanha.

 

Segundo a pasta, não foram definidos até o momento o cronograma, o público-alvo específico nem a logística de aplicação nas unidades da rede pública. “A previsão preliminar é que essa etapa seja iniciada em novembro deste ano, conforme comunicado interno do Ministério da Saúde”, destacou a pasta.

Além disso, a Secretaria de Saúde também explicou que a bronquiolite é uma infecção viral que afeta as pequenas vias aéreas dos pulmões, sendo mais comum em bebês e crianças pequenas.

 Vacina que protege o bebê do VSR estará disponível pelo SUS para todas as  gestantes - ONG Prematuridade.com

O VSR é apontado como o principal agente causador da doença, embora outros vírus, como rinovírus, adenovírus, metapneumovírus e influenza, também possam estar envolvidos. “Devido à diversidade de vírus que podem causar a doença e à semelhança dos sintomas com outras infecções respiratórias, os registros são feitos dentro da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), que engloba diversos quadros de infecção respiratória severa, independentemente do agente causador”, pontuou. 

 

Nos últimos anos, o número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no Distrito Federal apresentou queda. Em 2023, foram registrados 7.177 casos, número que caiu para 6.548 em 2024, segundo a Secretaria de Saúde.

 

Em 2025, até o mês de junho, já foram notificados 5.164 casos.

A pasta explica que os registros englobam infecções respiratórias severas, como a bronquiolite, independentemente do vírus causador. A vigilância é feita com base no perfil viral dos pacientes, o que permite um monitoramento mais abrangente e direcionamento adequado dos recursos da rede pública.

 

Cuidados recorrentes 

Pai de dois pequenos que já enfrentaram crises respiratórias graves, o militar Alex Ribas, 33 anos, conhece de perto os impactos da bronquiolite. Morador da Asa Norte, ele relata que tanto o filho Rafael, de 1 ano e 9 meses, quanto a filha Carolina, de 2 anos e 11 meses, já precisaram de internação por causa da doença. “Pelo menos uma vez por ano a gente acaba com um dos dois internados. É recorrente, como uma gripe forte”, conta. Segundo ele, a primeira crise do filho aconteceu ainda aos 2 meses de vida. “A gente morava em Recife na época, e ele ficou internado. Depois nos mudamos para Brasília, mas as internações continuam”.

 

Mesmo atento aos cuidados do dia a dia, como evitar contato com pessoas gripadas e retirar os filhos da creche em dias de sintomas, Alex acredita que a vacina voltada às gestantes seria uma proteção importante. “Se ela estivesse disponível, com certeza a minha esposa teria tomado. A gente chegou até a pagar a vacina particular na gravidez por recomendação médica. Se essa do VSR estivesse no SUS, com certeza teria ajudado muita gente. Naquela época, o número de crianças internadas era muito alto”, afirmou.

 

Raissa Ássem, 35 anos, não teve acesso à vacina contra a bronquiolite quando estava grávida do pequeno Zyan, que hoje tem 1 ano de idade. “Essa vacina chegou depois que eu já tinha ganhado meu neném. O Ministério falou que ia trazer, mas até agora nada”, lamenta. Ela conta que enfrentou dificuldades financeiras durante a gestação e nem sabia da possibilidade de se proteger contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR). “Na época, eu não tinha condições de pagar nenhuma vacina. Quando divulgaram, ele já estava com 2 meses de nascido. Não tinha nem pra onde correr”. 

 

Sem a proteção via imunização, Raissa redobra os cuidados no dia a dia para proteger o filho. “Evito sair com ele no frio, cubro bem com roupas, deixo a casa sempre limpa, uso umidificador de ar, faço lavagem nasal com soro para tirar o catarro”, descreve. Ela levou o filho recentemente ao posto para receber outras vacinas do calendário infantil e torce para que a nova vacina esteja disponível até o fim do ano. “Espero que chegue logo para proteger outras crianças e outras mulheres que estão grávidas”, opinou. 

O Jornal de Brasília entrou em contato com clínicas particulares do Distrito Federal e apurou que o valor da vacina contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) varia entre R$ 1.550 e R$ 1.750, dependendo da unidade e da forma de pagamento. Apesar do alto custo, muitas gestantes têm recorrido à rede privada para garantir a imunização antes do parto.

 

É o caso da biomédica Sabrina Braga, 32 anos, moradora da Asa Norte. Grávida de 32 semanas da primeira filha, ela conta que soube da existência da vacina pelas redes sociais. “A gente tem que estar o tempo todo atualizado. Descobri por uma publicação e fui atrás, porque sei da importância de me proteger e proteger minha bebê”, afirma. Embora esteja com todas as vacinas do SUS em dia, a gestante teve que recorrer à rede privada para tomar o imunizante contra o VSR. “A vacina vai custar R$1.542 com desconto, e quem vai pagar é a minha sogra. Eu e meu marido não teríamos condições de arcar com esse valor”, diz.

 

Se preparando para a chegada de um bebê, Sabrina afirma que está com o orçamento apertado e que o valor da vacina seria suficiente para cobrir uma parte importante do enxoval. “Esse dinheiro dava para montar o enxoval com calma. Mas a gente preferiu priorizar a vacina. Acho que o governo deveria ter se antecipado. A iniciativa é boa, mas vai chegar tarde para muitas mães”.

 

Prevenção 

Para o infectologista Leandro Machado, a inclusão da vacina no SUS representa um avanço importante na prevenção de casos graves entre recém-nascidos. “O Vírus Sincicial Respiratório (VSR) pode ser muito perigoso para bebês porque os pulmões ainda são imaturos. Qualquer inflamação pode dificultar a respiração, levando à necessidade de internação”, explica. Ele afirma que os sintomas da bronquiolite, como tosse, febre, chiado no peito e dificuldade para respirar, podem evoluir para quadros mais graves, exigindo o uso de oxigênio e até representando risco de morte nos casos mais severos.

 

Segundo o especialista, vacinar a gestante é a melhor forma de proteger o bebê nos primeiros meses de vida. “A mãe transmite anticorpos ao feto ainda na barriga, o que oferece uma proteção importante no início da vida, quando ele ainda não pode ser imunizado diretamente”, destaca. Para o médico, a aplicação da vacina é considerada segura, com recomendação entre a 32ª e a 36ª semana de gestação, período em que há maior passagem de anticorpos para o bebê. “Ela é feita com proteína purificada, sem vírus vivo. As contraindicações são muito raras”, reforça.

Em nota, o Ministério da Saúde informou que o processo de aquisição da vacina contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) já está em andamento. A pasta afirmou que “as primeiras entregas ocorrerão no último trimestre de 2025”, com 1,8 milhão de doses destinadas à imunização de gestantes ainda neste ano.

 

 Segundo o ministério, a previsão é que em 2026, a oferta seja ampliada para contemplar todas as gestantes ao longo do ano.

“A estratégia prevê a aplicação de uma dose única a partir da 28ª semana de gestação, garantindo proteção aos recém-nascidos por até 6 meses após o parto”, frisou. O Ministério também destacou que, no caso de bebês prematuros (com menos de 37 semanas) e crianças menores de 2 anos com comorbidades, será utilizado o anticorpo monoclonal nirsevimabe, tecnologia que também foi incorporada recentemente ao Sistema Único de Saúde (SUS).

A medida, segundo a pasta, “integra o conjunto de ações para reduzir casos graves de infecções respiratórias, como a bronquiolite”. A nota também lembrou que a vacinação contra a gripe segue ativa em todo o país desde maio, com mais de 67 milhões de doses distribuídas e 1,5 milhão aplicadas apenas no Dia D de mobilização, voltado a crianças, gestantes e idosos.(*Fonte:JBr)

 

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