Projeto cumpre exigência da chamada Lei Lucas e será aplicado para estudantes e funcionários das unidades.
No ritmo da batida de Stayin’ Alive, dos Bee Gees, estudantes do Centro de Ensino Myriam Ervilha, em Água Quente, aprendem um movimento que pode salvar vidas: o de ressuscitação cardiopulmonar (RCP).
A escola é uma das 17 cívico-militares de gestão do Corpo de Bombeiros contempladas pelo Projeto de Atendimento Pré-Hospitalar (APH), que leva às salas de aula capacitação teórica e dinâmica em primeiros socorros.
Além da RCP, eles aprendem a lidar com outras situações de risco, como engasgos, hemorragias, mal súbito, desmaios, convulsões e intoxicações, tanto em adultos quanto em bebês.
A iniciativa cumpre determinação da Lei Lucas — Lei Federal nº 13.722/2018 — que torna obrigatória a capacitação em noções básicas de primeiros socorros de professores e funcionários na educação básica da rede pública e privada, bem como em estabelecimentos de recreação infantil.
De acordo com Paz, o Corpo de Bombeiros está adquirindo, por meio de recurso de emenda parlamentar do deputado distrital Roosevelt, no valor de R$ 450 mil, materiais para deixar em cinco escolas, como os manequins, bolsas de primeiros-socorros — três para cada unidade —, além de três pranchas rígidas e materiais de consumo, como gazes e ataduras. “Separamos cinco grupos de escolas e cada uma desse grupo, que chamamos de escola base, vai adquirir o material. Após o projeto no local, eles (os materiais) vão para outra escola”.
A metodologia do projeto prevê aulas teóricas e objetivas aliadas à prática orientada pelos bombeiros militares da ativa e veteranos. Durante a simulação de procedimentos, os alunos são orientados e corrigidos pelos monitores profissionais. Eles também aprendem a agir em casos como de desobstrução de vias aéreas, contenção de hemorragias, tratamento de fraturas e choque elétrico.
A localidade de Água Quente tem apenas dois anos e a implementação do colégio cívico-militar no CED Myrian Ervilha teve início em 26 de maio de 2025. “A partir daí, foi traçado um plano para que tivéssemos dentro da unidade diversos cursos, dentre esses, o de APH, que está sendo realizado com turmas do matutino e do vespertino e a proposta é se estender por todo o corpo da escola”, relatou o diretor do CED, José Aldias.
As atividades do APH são voltadas a estudantes dos ensinos fundamental I e II e médio, para alunos com idade entre 9 e 18 anos.
Atualmente, 800 estudantes têm sido atendidos nas 17 escolas de gestão compartilhada com o Corpo de Bombeiros , em aulas de até 4 horas no contraturno.
A estimativa é que mais 856 alunos participem do próximo ciclo.
Geovana Beatriz Silveira, de 14 anos, estudante do 9º ano, acredita que o projeto fará diferença futuramente na escolha profissional dela. “Principalmente na questão do certificado e pelos meus conhecimentos gerais. Em caso de emergência, vou poder socorrer alguma pessoa. Já tivemos casos assim em sala de aula. Eu acho que a presença dos Bombeiros ajuda e influencia muito a nossa escola”, celebra a adolescente que sonha cursar medicina e fazer parte do corpo do Exército brasileiro.
A Secretaria de Educação disponibiliza equipes pedagógicas às unidades, que atuam também na seleção dos estudantes que vão participar da turma, especialmente os de perfil de liderança, atitude e bom desempenho acadêmico. Além disso, a secretaria fornece os espaços, recursos audiovisuais, alimentação e certificados para os alunos que concluem a iniciativa.
O tenente Djavan da Silva Castro se orgulha de casos em que estudantes ajudaram a salvar pessoas na rua
O tenente Djavan da Silva Castro garante que o projeto é motivo de orgulho, inclusive com relatos de resultados exitosos dos alunos. “A gente já teve situações em que o estudante, na parada de ônibus, atendeu uma crise convulsiva, e foi filmado por pessoas que estavam no local; ele pediu para que alguém ligasse para o Corpo de Bombeiros e estabilizou o paciente transmitindo segurança e o colocando lateralizado. A pessoa, então, retornou da crise bem calma”, relatou.
Lei Lucas
A Lei Federal nº 13.722/2018 foi criada após a morte do estudante Lucas Begalli, em setembro de 2017, em Cordeirópolis (SP), por asfixia durante um passeio escolar. O menino, de apenas 10 anos de idade, se engasgou após comer um cachorro-quente enquanto participava de excursão escolar. Após o acidente fatal, a luta da família para transformar a dor do luto em esperança culminou na aprovação da Lei Lucas para todo o Brasil.