Boletim da Saúde aponta piora da qualidade do ar, principalmente em pontos como a Fercal e o Jardim Zoológico.
O Distrito Federal enfrenta episódios críticos de poluição atmosférica neste período de seca.
São mais de 100 dias sem chuva e com temperaturas ultrapassando 35ºC.
Monitoramento realizado pela Secretaria de Saúde, em maio e junho, identificou níveis elevados de material particulado (MP10 e MP2,5) em localidades como Fercal Oeste, Fercal Boa Vista e Jardim Zoológico.
Em alguns pontos, como Fercal Boa Vista, as concentrações ultrapassaram 100 µg/m³, valor muito acima dos limites recomendados pela OMS.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, entre 24 e 30 de agosto, a concentração de partículas no ar ficou acima dos padrões da Organização Mundial da Saúde (OMS) por mais de dois dias consecutivos.
Segundo a gerente de Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde, Andressa do Nascimento, o material particulado é hoje o poluente mais preocupante para a saúde pública. “As partículas mais finas, conhecidas como MP2,5, penetram profundamente nos pulmões e podem atingir a corrente sanguínea, aumentando os riscos de problemas respiratórios, cardiovasculares e até de mortes prematuras”, explica.
A especialista ressalta que a poluição do ar tem impacto direto no número de internações hospitalares. Entre idosos com mais de 60 anos, observa-se crescimento nas ocorrências de doenças cardiovasculares durante a estiagem. “Já entre crianças menores de 5 anos, os casos de agravos respiratórios tendem a se intensificar a partir de agosto, coincidindo com o aumento da concentração de material particulado”, conta.
Formado por partículas de combustíveis fósseis, fuligem de veículos, cinzas de queimadas, emissões industriais e metais pesados, o MP2,5 é descrito como um “coquetel tóxico” invisível, cerca de 30 vezes mais fino que um fio de cabelo. Sua presença no ar se intensifica durante a estação seca, quando a falta de chuvas, as altas temperaturas e as queimadas urbanas e rurais favorecem a piora da qualidade do ar.
Crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas estão entre os mais vulneráveis.
A orientação da Secretaria de Saúde é evitar atividades físicas ao ar livre em dias de alerta e seguir as recomendações médicas. A hidratação constante também é fundamental: beber entre dois e três litros de água por dia ajuda a prevenir sintomas como dor de cabeça, fadiga e irritação nos olhos.