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FATO REPETITIVO: Clínica suspeita, no Paranoá, recebe alvará de funcionamento da Vigilância Sanitária

Publicada em: 20/09/2025 10:04 -

 

Vigilância Sanitária libera permissão de funcionamento para uma das unidades da Liberte-se.

 

Investigações da polícia continuam. No último dia 31, cinco pessoas morreram queimadas em uma das casas do Paranoá

 

Enquanto a Justiça determinou o fechamento imediato da Comunidade Terapêutica Liberte-se do Lago Oeste e a polícia pediu a prisão dos responsáveis daquela unidade e da que fica na Chácara 420, no Paranoá, onde, em 31 de agosto, cinco pessoas morreram e outras 11 ficaram feridas em um incêndio, o Governo do Distrito Federal (GDF) liberou o funcionamento de uma terceira unidade do mesmo grupo, na Chácara 470, a poucos metros da que pegou fogo. 

 

Quando o Correio constatou o funcionamento da unidade e questionou o ‘DF Legal’, foi informado que a única pendência seria com a Vigilância Sanitária, órgão vinculado à Secretaria de Saúde.

Segundo o órgão, os proprietários atenderam às normas e receberam autorização para funcionamento válida até 15 de setembro de 2026.

Em nota, a ‘DF Legal’ explicou que o documento de licenciamento reconhece que a Vigilância Sanitária validou o exercício de “atividades de assistência psicossocial e à saúde de portadores de distúrbios psíquicos, deficiência mental, dependência química e grupos similares não especificados anteriormente”.

 

Ainda segundo o ‘DF Legal’, com a regularização junto à Vigilância Sanitária, “o estabelecimento passa a operar, a princípio, sem pendências a serem verificadas dentro do escopo de atuação da secretaria”.

Durante dois dias seguidos, a reportagem esteve na unidade de reabilitação, na Chácara 470, e conversou com internos que lutam para deixar o vício.

Eles relataram estar no local por não terem outra opção de moradia ou apoio.

 

De acordo com fontes ouvidas pela reportagem, ao menos sete pessoas estão internadas atualmente na unidade.

 

Um interno que varria a calçada em frente ao portão contou estar lá há cinco meses e relatou que, antes do episódio de incêndio na outra unidade, havia mais de 70 pessoas. Após o incidente, o proprietário permitiu que quem quisesse ir embora saísse, mas ele optou por permanecer, pois não tem onde ficar em Brasília.

 

Ele contou que ajuda nos consertos de paleteiras e realiza serviços de manutenção nos depósitos. “Recebemos alimentação, dormitório e banho no local”, disse. Segundo o interno, sete ou oito pessoas permanecem na mesma condição no espaço. 

 

Omissão

Em relação à ‘Liberte-se’ que pegou fogo, os dirigentes omitiram para o Corpo de Bombeiros (CB-DF) que haveria internação de dependentes químicos na unidade. Com isso, a corporação classificou o espaço como “de baixo risco para incêndio”, o que dispensou a vistoria, segundo o Centro de Comunicação da corporação. Perguntado se o CB-DF fez vistoria técnica para confirmar que o espaço funcionava conforme informações apresentadas pelos proprietários, o Corpo de Bombeiros informou que “uma eventual nova vistoria poderia ocorrer quando a autorização para funcionamento expirasse e o interessado demandasse novamente a corporação, de modo a compor processo para continuidade da autorização”.

 

Sobre as exigências do Corpo de Bombeiros para emitir o laudo autorizando o funcionamento do ponto de vista da segurança contra incêndios e pânico, o Centro de Comunicação citou que as condições mínimas incluem a instalação de quatro sistemas básicos: proteção por extintores de incêndio portáteis; iluminação de emergência; sinalização de emergência e saída de emergência (rota de fuga). 

 

Estado grave

Enquanto isso, o delegado-chefe da 6ª Delegacia de Polícia do Paranoá, Bruno Carvalho, continua atrás de depoimentos e laudos de perícia para desvendar o que houve no dia do incêndio e identificar os responsáveis pelo caso.

 

Das 11 pessoas feridas, sete receberam alta hospitalar e prestaram depoimento. As outras quatro permanecem internadas em estado grave e, por isso, ainda não foram ouvidas.

“As vítimas que já prestaram depoimento serão procuradas novamente para sanar alguns pontos que ficaram duvidosos. Não sabemos como está o estado de saúde dessas sete pessoas que foram liberadas, mas, na última vez que foram ouvidas, elas estavam se recuperando, com algumas lesões, mas sem risco de vida”, afirmou o delegado.

 

Na última quinta-feira, Carvalho determinou a prisão de quatro envolvidos com a clínica do Paranoá onde o incêndio ocorreu. Até o fechamento desta edição, eles ainda não haviam passado por audiência de custódia. Os detidos foram dois proprietários, um coordenador e um monitor. Eles são investigados pelos crimes de homicídio doloso, cárcere privado e prescrição de medicamentos sem autorização.

 

Perguntados se a corporação fez vistoria técnica para confirmar que o espaço funcionava conforme informações apresentadas pelos proprietários, o Corpo de Bombeiros informou que “uma eventual nova vistoria poderia ocorrer quando a autorização para funcionamento expirasse e o interessado demandasse novamente à Corporação, de modo a compor processo para continuidade da autorização”.(*Fonte:CB)

 

 

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