Equipamento prestou mais de 8,2 milhões de atendimentos desde a
inauguração, em 2011, e é voltado para doenças raras e complexas que surgem na
infância e adolescência.
O mundo
da agente de saúde Geane Ilha, 40 anos, virou de ponta-cabeça quando ela
descobriu, por meio do teste do pezinho, que o filho recém-nascido tinha
fibrose cística.
“Deu uma
alteração, nos chamaram para repetir o exame dias depois, e aí começou a
angústia”, lembra. “Fizeram o teste visual, que comprova a doença, e, quando
Pedro Henrique estava com um mês e meio de vida, recebemos o diagnóstico e
iniciamos o acompanhamento”.
Hospital tem instalações completas e equipamentos com capacidade
de tratar doenças raras de crianças
Sem
nenhum conhecimento sobre a enfermidade rara, Geane foi encaminhada ao Hospital
da Criança de Brasília José Alencar (HCB) e, logo na primeira consulta, teve
certeza de que a saúde do filho seria garantida: “A equipe me acolheu de um
jeito que até falo que são meus anjos. Me explicaram que, embora seja um
problema raro, tem avanços no tratamento. No início, tínhamos que vir para as
consultas todo mês, mas hoje é de três em três meses. E ele tem a vida de uma
criança saudável”.
Pedro
Henrique, hoje com 4 anos, é um dos 72 pacientes com fibrose cística
acompanhados pelo HCB atualmente. Referência nacional no tratamento e cuidado
de doenças raras, a unidade hospitalar oferece uma série de programas
específicos, que promovem atendimento humanizado, integral e multiprofissional
de média e alta complexidade, a partir da confirmação do diagnóstico, com
fornecimento de medicamentos, exames e consultas.
Doenças complexas
Lúcio Ilha, pai de Pedro (atrás, no colo da mãe, Geane), que faz
tratamento no HCB: “Agradecemos a Deus todos os dias por ter esse hospital, é
maravilhoso”
Desde a
inauguração, em novembro de 2011, até o final de abril deste ano, o HCB prestou
mais de 8,2 milhões de atendimentos. Desses, destacam-se mais de 5,1 milhões de
exames laboratoriais e mais de 1,2 milhão de consultas.
Em cerca
de 14 anos de história, foram mais de 587 mil diárias, 82 mil sessões de
quimioterapia, 58 mil transfusões, 12 mil cirurgias ambulatoriais, 41 mil
ecocardiogramas, 138 mil procedimentos de raios-X, 63 mil tomografias e 84 mil
ultrassons, entre outros.
“O
Hospital da Criança é especializado em doenças raras e complexas da infância”,
explica a diretora-executiva do HCB, Valdenize Tiziani. “Quanto mais atendemos,
maior é a curva de aprendizagem da nossa equipe, que conta com pessoas
especializadas em todas as áreas da medicina e que podem oferecer a melhor
evidência científica no atendimento, tanto no diagnóstico como no tratamento.”
Segundo
Tiziani, a unidade fornece terapias individualizadas e dispõem de equipamentos
de última geração, utilizados para promover o bem-estar dos pacientes. “Fazemos
questão de que a criança seja realmente tratada como criança, e falamos,
inclusive, que aqui brincar é coisa séria”, detalha a médica. “Então,
conseguimos adotar as melhores e mais avançadas tecnologias para o tratamento e
para a cura, ao mesmo tempo que entregamos humanização e compaixão”.
Cuidado que faz a diferença
Enfermidade
de origem genética, a fibrose cística causa alteração nas glândulas exócrinas,
que liberam o suor, lágrimas e saliva. Devido a isso, as secreções ficam mais
densas e começam a obstruir principalmente pulmões, pâncreas e sistema
digestivo, causando problemas progressivos.
Quanto
mais cedo é descoberta, melhor é a qualidade de vida do paciente.
Valdenize Tiziani, diretora-executiva do HCB: “Quanto mais
atendemos, maior é a curva de aprendizagem da nossa equipe, que conta com
pessoas especializadas em todas as áreas da medicina e que podem oferecer a
melhor evidência científica no atendimento, tanto no diagnóstico como no
tratamento”
No caso
de Pedro, a agilidade no diagnóstico é decorrente do teste do pezinho, exame
oferecido em toda a rede pública de saúde do DF e capaz de identificar até 62
doenças. “Se nós não tivéssemos descoberto logo no início, talvez ele teria
tido algum problema e não ia dar tempo de tratar”, pontua Geane. “Hoje ele
corre, brinca, não sente cansaço, faz tudo como uma criança saudável. Sou
eternamente grata ao HCB”.
Assim
como as demais doenças raras, o tratamento da fibrose cística inclui
atendimento multidisciplinar, exames de controle, medicamentos para uso
domiciliar, consultas médicas, a depender da necessidade da criança e
adolescente. “Agradecemos a Deus todos os dias por ter esse hospital, é
maravilhoso”, comemora o pai de Pedro, o empresário Lúcio Daniel Ilha, 44. “Já
pensamos em nos mudar daqui, mas a dúvida que fica é: ‘será que lá terá um
lugar assim?’. Aqui tem tudo: psicólogo, assistente social, dentista,
fisioterapeutas”.
Especialidades
Reconhecido
como 11º melhor hospital público do Brasil em 2022, o HCB também foi o primeiro
hospital pediátrico do Centro-Oeste a conquistar a certificação de Acreditado
com Excelência (Nível 3) da Organização Nacional de Acreditação (ONA), o mais
alto nível de qualidade hospitalar.
A
unidade foi criada a partir de uma parceria entre o Governo do Distrito Federal
(GDF) e a Associação Brasileira de Assistência às Famílias de Crianças
Portadoras de Câncer e Hemopatias (Abrace).
Destinada a atender exclusivamente pelo
Sistema Único de Saúde (SUS), por meio de encaminhamento pela Central de
Regulação da Secretaria de Saúde (SES-DF), a instituição é gerida pelo
Instituto do Câncer Infantil e Pediatria Especializada (ICIPe).
Entre as
iniciativas, destacam-se o Programa de Reabilitação Intestinal Pediátrica (PRIP)
para pacientes com falência intestinal. São contemplados crianças e
adolescentes que dependem do uso de nutrição parenteral total para sobreviver,
devido à falta de capacidade do intestino de absorver os nutrientes da
alimentação oral.
Graças ao PRIP, os pequenos podem seguir com o
tratamento em casa e têm a chance de viver uma vida com mais normalidade.
Atualmente, há sete pacientes internados com a condição e outros seis pacientes
foram ‘desospitalizados’, com acesso completo ao tratamento domiciliar.
Também
há a oferta de transporte para pacientes com doença renal crônica em dias de
hemodiálise. A ação evita faltas e atrasos, melhora a adesão ao tratamento,
impedindo complicações decorrentes da ausência de terapia, além de otimizar a
rotina do paciente e cuidadores. Há, ainda, a hemodiálise feita em casa, no
período noturno, com todos os equipamentos e insumos custeados pelo HCB, com o intuito
de promover bem-estar e conforto ao paciente.
Outro
diferencial da unidade é a infraestrutura de ponta para diagnóstico e pesquisa
de doenças raras, como o ‘Biobanco’, que armazena mais de 500 mil amostras
biológicas, e a Unidade de Sequenciamento de Nova Geração, que permite avançar
no mapeamento genético e na investigação de enfermidades complexas.